A MINHA GUERRA
Albano Mendes de Matos
MORTO EM PIRI
Em memória de um soldado morto na Guerra Colonial, em Agosto de 1961.
Breve era o fulgor do teu rosto
embalado na farda da pátria
inocentes estilhaços do teu país
fantasmas sibilinos
de outros mundos
sem protestos te imolaram
só a embriaguês do silêncio
moldou a tua máscara de mártir
como se fosse o último dia do mundo
arrefeceste aos ventos da história
pária da pátria
perdidos os murmúrios do sangue
que funestamente te roubaram
depois de tudo
- só a dor e o luto
ficaram
nos ventos tresmalhados.
Uivos e clamores renascem nos cafezais do Piri.
Enterramento de um soldado, morto em combate, em Piri, Dembos, Angola, no terreno de secagem de café, em Agosto de 1961.
Cemitério militar em Piri, Dembos, Angola.
2 Comentários:
bela reportagem, espero viver alguns momentos la, mas noutra espectativa, tirei bons exemplos, e ajudarei por quem la ficou nao tiveram culpa deste circulo em que foram como pedras de Xadrez. quero fazer parte desta historia. BITOK
AFINAL A MORTE CONTINUAVA ESPREITANDO.
Fazendo parte da Guarda de Honra que fez a Homenagem aos mortos, assimilámos o choque de ver este e o outro morto na mesma ocasião, em que o soldado branco levou uma canhangulada que lhe furou o capacete de aço, com o qual nos sentíamos, pensávamos muito protegidos. Tal não aconteceu, o que nos tornou mais apreencivos, pois o militar ficou com as têmporas perfuradas, guardando dentro de si o metal que levou para o chão térreo. Isto nos levou a pensar que o terrorismo não brincava e a escolha ninguêm a sabia, pois no mesmo ataque a um dos colegas, uma das balas terrorista, entrou no interior do capacete de aço pela lateral e depois de dar umas voltas ter deixado a tinta comida, vincando a sua presença, deixou o aviso de que não era aquele o seu dia. Tudo isto durante uns dias nos deixou a pensar que nem sempre o cuidado nos safava desta agonia que sempre
nos atormentava, e nos deixava com a imterrogação será hoje ?
Felizmente e com o agradecimento Deus nos bafejou com a sorte, pois tornou possível hoje podermos fazer estes comentários, com a prece de que aqueles que caíram seifados pelos infortúnios, estejam em bom lugar.
Um agradecimento JOSÉ REIS NEVES
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