quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

A MINHA GUERRA
Albano Mendes de Matos

MORTO EM PIRI
Em memória de um soldado morto na Guerra Colonial, em Agosto de 1961.

Breve era o fulgor do teu rosto

embalado na farda da pátria

inocentes estilhaços do teu país

fantasmas sibilinos

de outros mundos

sem protestos te imolaram

só a embriaguês do silêncio

moldou a tua máscara de mártir

como se fosse o último dia do mundo

arrefeceste aos ventos da história

pária da pátria

perdidos os murmúrios do sangue

que funestamente te roubaram

depois de tudo

- só a dor e o luto

ficaram

nos ventos tresmalhados.

Uivos e clamores renascem nos cafezais do Piri.

Enterramento de um soldado, morto em combate, em Piri, Dembos, Angola, no terreno de secagem de café, em Agosto de 1961.

Cemitério militar em Piri, Dembos, Angola.

2 Comentários:

Às 22 de setembro de 2010 às 23:31 , Blogger kudigiba disse...

bela reportagem, espero viver alguns momentos la, mas noutra espectativa, tirei bons exemplos, e ajudarei por quem la ficou nao tiveram culpa deste circulo em que foram como pedras de Xadrez. quero fazer parte desta historia. BITOK

 
Às 4 de abril de 2011 às 05:45 , Blogger Jose Reis Neves disse...

AFINAL A MORTE CONTINUAVA ESPREITANDO.
Fazendo parte da Guarda de Honra que fez a Homenagem aos mortos, assimilámos o choque de ver este e o outro morto na mesma ocasião, em que o soldado branco levou uma canhangulada que lhe furou o capacete de aço, com o qual nos sentíamos, pensávamos muito protegidos. Tal não aconteceu, o que nos tornou mais apreencivos, pois o militar ficou com as têmporas perfuradas, guardando dentro de si o metal que levou para o chão térreo. Isto nos levou a pensar que o terrorismo não brincava e a escolha ninguêm a sabia, pois no mesmo ataque a um dos colegas, uma das balas terrorista, entrou no interior do capacete de aço pela lateral e depois de dar umas voltas ter deixado a tinta comida, vincando a sua presença, deixou o aviso de que não era aquele o seu dia. Tudo isto durante uns dias nos deixou a pensar que nem sempre o cuidado nos safava desta agonia que sempre
nos atormentava, e nos deixava com a imterrogação será hoje ?
Felizmente e com o agradecimento Deus nos bafejou com a sorte, pois tornou possível hoje podermos fazer estes comentários, com a prece de que aqueles que caíram seifados pelos infortúnios, estejam em bom lugar.
Um agradecimento JOSÉ REIS NEVES

 

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